segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A Nuvem Negra da Família Adams

A nuvem negra da Família Adams
Minha mãe morreu de câncer de mama quando eu tinha 22 anos. Na realidade ela teve câncer de mama, fez mastectomia radical e faleceu de metástases múltiplas.
Um pouco antes de morrer ela me convocou e me disse que eu deveria consultar um ginecologista pra fazer exames preventivos. Detalhe: eu nunca havia ido a um gineco.
Durante os anos que se seguiram fui ao ginecologista a cada seis meses realizar os exames que toda mulher faz. 
E eu sentia que carregava uma nuvem negra, como aquela que paira sobre a casa da Família Adams, sobre minha cabeça. 
Ao final de cada bateria de exames eu respirava aliviada e dizia a mim mesma:
- Ufa, ainda não foi desta vez!
De alguma forma, sem embasamento científico algum, eu achava que um dia eu teria câncer. Era só uma questão de tempo até isso acontecer. E conviver com uma nuvem negra pairando sobre minha cabeça, acompanhando meus passos era opressor, depressor, triste... Era sentir, todos os dias, medo de algo que eu acreditava ser inevitável, e viver esperando que meus temores se concretizassem... algum dia... 
Minhas famílias materna e paterna tiveram vários tipos de câncer, todos diferentes um do outro. Às vésperas de meu casamento, meu pai foi diagnosticado com um tipo de leucemia.
Aí eu pirei completamente! 
Passei a discutir com meu médico porque acreditava que os exames que ele me pedia eram insuficientes para cobrir uma investigação de câncer em meu corpo todo. E com meu histórico familiar eu tinha que ficar bem esperta! Filha de pai e mãe que tiveram câncer, era só uma questão de tempo pra acontecer comigo também!
Ora, eu fazia exames de colo de útero e mama. Mas e se eu tivesse leucemia? Ou um tumor maligno no estômago ou intestino? E se fosse no pulmão? Ou nos ossos? E se...? E se...? Como é que iríamos descobrir a doença no início com tão poucos exames?
O médico me encaminhou para um oncologista. 
Nessa época eu morava em Londrina/PR
Me lembro que quando cheguei à clínica e me deparei com crianças, jovens, adultos e idosos sem cabelos e com aparência de pessoas em tratamento me senti muito feliz por não ser uma delas! Pelo menos por enquanto...
O oncologista ouviu minha história, minhas neuras e me falou sobre os vários tipos de câncer, da inviabilidade de se realizar exames frequentes que cobrissem todas as possibilidades da doença. 
A hereditariedade se caracteriza por vários casos de um mesmo tipo de câncer na família, como por exemplo, duas ou mais pessoas com câncer de mama, ou de próstata, ou do mesmo tipo de leucemia, etc. Casos diferentes descaracterizam carga genéticaAcrescentou que somente cerca de 10% dos casos da doença tinham origem na carga genética. A maior parte era desenvolvida ao longo da vida por vários motivos, muitos deles desconhecidos.
Pra finalizar, ele me sugeriu os nomes de mais alguns exames simples que poderiam ser acrescentados aos habituais, porém, mais do que viver em função de investigações exaustivas e estressantes, como eu vinha fazendo há cerca de 8 anos, ele me aconselhou:
Perdoe a tudo e a todos, não guarde mágoa de ninguém, pratique atividade física, reduza o stress e viva feliz.
Com palavras semelhantes a essas o oncologista realizou um pequeno milagre em minha vida que fez toda a diferença.
Muito obrigada, Dr. Mario Liberatti, por ter afastado a nuvem negra que fazia uma grande sombra sobre meus dias!
Ao sair do consultório, senti novamente o calor do sol.

3 comentários:

  1. Tia gostei demais do blog!! você escreve muito bem, de uma maneira que nos toca profundamente, como se pudéssemos sentir as emoções descritas por você!
    achei a ideia maravilhosa e inovadora, com certeza através das suas experiencias ali contadas você irá ajudar muitas pessoas, uma vez, que um relato humano de quem já passou por uma experiência ruim é muito mais estimulante do que uma conversa com um médico apressado.
    Continue escrevendo que eu vou acompanhar sempre as suas histórias, acredito que a partir de agora você possa servir de exemplo de luta pela vida e vontade de viver, para todas as pessoas com qualquer tipo de enfermidade ou mesmo depressão. O que jamais devemos fazer é perder a vontade de viver e entregar os pontos, isso você nos ensinou. Amar a Deus, a nós mesmos, as outras pessoas e ser amado também com certeza nos faz encarar qualquer situação para ficar ao lado de quem se ama.
    Parabéns pela sua experiência que você tirou de letra, pela sua força de vontade e acima de tudo pela sua fé em Deus, o médico dos médicos!
    Beijos!

    ResponderExcluir
  2. Querida Sobrinha,
    muito obrigada por sua presença em minha vida. Seu exemplo é muito inspirador de perseverança para mim.
    Te amo!

    ResponderExcluir
  3. A Fabiana é dessas pessoas que DEUS envia ao mundo com a missão específica de nos levar mais perto DELE, ela aceitou e está fazendo isso.
    parabéns querida amiga
    Paulo.

    ResponderExcluir