Mas o que reservei para este post não é drama!
Apenas sugestões para se enfrentar essa fase.
VAI COMEÇAR A QUIMIOTERAPIA:
Minha quimioterapia foi feita numa clínica onde havia uma sala com várias poltronas reclináveis, como a da foto acima.
A primeira sessão foi precedida por consultas com vários profissionais: o Oncologista, Chefe de Enfermagem, Nutricionista e Psicóloga.
Cada um deles, em sua área, me passou informações importantes, cuidados a serem seguidos durante todo o tratamento.
Na véspera da sessão eu fazia um hemograma para avaliar se meu sistema imunológico estava em bom nível. Estando tudo certo, ia para a sala, me acomodava numa poltrona, as enfermeiras localizavam uma veia poderosa, inseriam aquele tubinho de silicone que me fazia chorar (de verdade), e começavam a passar soro.
Após o soro, vinham altas doses de corticoides para prevenir reações alérgicas e amenizar os possíveis efeitos colaterais dos quimioterápicos. Na sequência vinham bolsas com os medicamentos quimioterápicos propriamente ditos. Tudo de acordo com as prescrições do meu Oncologista.
Eu passava de 3 a 4 horas lá recebendo os medicamentos e me programava para retornar em 21 dias. Recebia lanchinho e uma manta para me aquecer. Podia dormir, ler, navegar na net, ver filmes, conversar com os outros pacientes, partilhar experiências e fazer novas amizades, ou fazer nada.
Havia pessoas que ficavam um dia todo, outras vinham todos os dias durante uma semana para concluir apenas uma sessão. Também havia sessões diárias, semanais, quinzenais, a cada 21 ou 28 dias.
Terminada a sessão, recebia um curativo no braço e voltava para casa, esperando que os efeitos colaterais fossem mínimos (mas no meu caso eram bem severos). Normalmente esse dia eu terminava bem. Lá pela madrugada é que os efeitos colaterais começavam pra valer.
Meu tratamento todo foi de apenas 6 sessões - metade com um tipo de medicamento e metade com outro. As primeiras sessões tinham como principal efeito colateral a náusea. As últimas, dores nos ossos. Todas faziam perder os cabelos.
Meu tratamento todo foi de apenas 6 sessões - metade com um tipo de medicamento e metade com outro. As primeiras sessões tinham como principal efeito colateral a náusea. As últimas, dores nos ossos. Todas faziam perder os cabelos.
CUIDADOS COM HIGIENE:
Quimioterapia tem muitos efeitos colaterais possíveis. Se manifestam em algumas pessoas e em outras não. Em algumas são severos e em outras são leves. Aqui vale a máxima "cada caso é um caso".
Porém, um efeito que acontece com todo mundo é a queda do sistema imunológico. Se nenhum outro efeito ocorrer contigo ou com um pessoa que você conhece, esse, que é invisível, certamente ocorrerá.
Agora é hora de tomar algumas precauções até receber alta total da quimioterapia.
Vamos a eles:
- lavar as mãos várias vezes ao dia, principalmente quando chegar da rua e na hora das refeições;
- escovar os dentes imediatamente após cada refeição, com escova de cerdas ultra macias e usar um enxaguante bucal sem álcool. Se não tiver, vale um bochecho com água filtrada e bicarbonato de sódio (1 colher de sopa num copo de água);
- fora de casa, consumir apenas alimentos cozidos. Deixar os crus para comer somente em sua casa;
- higienizar frutas e verduras que serão consumidos crus deixando-os de molho por 20 minutos em água limpa com Q-Boa (1 colher de sopa para cada litro de água). Enxaguar em água limpa na sequência;
- não frequentar ambientes fechados e com muitas pessoas. Se for inevitável, use máscara descartável;
- não aceitar visitas de ninguém que esteja espirrando. Pode ser uma crise alérgica, de rinite, ou uma gripe. Mas ninguém sabe exatamente o que é e você não tem condições de enfrentar uma gripe nessa fase;
- evite consumir sobras de alimentos. Procure comer somente alimentos frescos, feitos na hora, para evitar risco de contaminações e intoxicações alimentares;
- use filtro solar diariamente em todas as áreas onde a pele fica exposta, mesmo que você esteja dentro de casa. A claridade e as lâmpadas fluorescentes também queimam.
Numa certa fase da quimioterapia em que os efeitos colaterais mais intensos eram dor nos ossos, eu estava há uns três dias sem dormir por causa das dores. Meu Marido comprou um churrasco numa igreja próxima de nossa casa. Tinha carne assada, salada e maionese.
Almoçamos, passei o dia bem na medida do possível e à noite comecei a vomitar. Passei a noite toda vomitando com muito mais intensidade do que os vômitos nos primeiros dias da quimio vermelha.
Quando o dia amanheceu eu estava me sentindo exausta, e ainda com fortes dores pelo corpo todo. Meu Marido lembrou:
- Será que foi a maionese?
Aí, quando eu pensei que nada poderia piorar aquela situação, começou a diarreia. Mas não foi uma diarreia, foi "A" diarreia. Eu mal conseguia sair do banheiro e já tinha que voltar.
O Oncologista estava num congresso e eu tinha que falar com seu substituto. Morri de vergonha de admitir que havia comido maionese. Não tive coragem de falar. E fiz o seguinte: pedi ao Marido que comprasse um estoque de água de côco e isotônico. Toda vez que ia ao banheiro (mais de 1X/hora) eu tomava um copo de um dos dois líquidos.
Ao fim de quatro longos dias a diarreia cessou. E eu estava mais acabada do que nunca. Só não fiquei completamente desidratada por causa da disciplina em tomar a água de côco e o isotônico.
Relatei o caso ao Oncologista na consulta seguinte. Ele me disse que corri grave risco. Que eu deveria ter sido internada para contenção da diarreia e reidratação.
Porém, para um paciente cujo sistema imunológico está quase nulo, hospital é o pior lugar da face da Terra. Tive muito mais sorte do que juízo!
APOIO EMOCIONAL:
Muitas vezes nós não estamos preparados para lidar com a montanha russa de sentimentos que o tratamento do câncer nos traz. Nem nossos familiares e amigos. Então, se puder e quiser, procure ajuda psicológica. Tanto para você, como para seus filhos, ou marido (esposa), pai ou mãe, que poderão sofrer muito junto contigo.
Havia dias que eu me sentia feliz, esperançosa, e noutros eu estava tão deprimida que não conseguia crer na cura e nem no fim do tratamento. E isso acontecia da noite para o dia. Se nem eu me entendia, o que poderia esperar do meu marido que nem sabia como a esposa dele iria acordar no dia seguinte?
Não tive dúvidas: busquei uma psicóloga da clínica onde eu fiz meu tratamento, e que trabalhava com pessoas com câncer. Toda semana eu ia lá pra minha "sessão de descarrego", como meu Marido dizia. Em casa eu tinha uma certa preocupação de não expor todos os meus sentimentos e desestabilizar meu as pessoas da família que cuidavam de mim. Com a Psicóloga eu podia falar tudo, soltar todos os meus bichos, falar livremente de todos os medos... não assustava ninguém e me sentia aliviada!
Prometo mais dicas no próximo post.