Estive ausente das publicações por longo período.
Muito stress no trabalho, alguns probleminhas de saúde, mas nada grave um câncer (ainda bem!)
Em meu último post contei como foi que recebi a notícia de que estava com câncer de mama.
No post de hoje vou contar o que foi que fiz com essa notícia.
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Saí do consultório médico com uma notícia péssima - eu estava com câncer de mama - e uma lista de exames a fazer.
Impossível não pensar em todos os meus planos que haviam escorrido pelo ralo sem que eu tivesse a mínima chance de, ao menos, tentar salvá-los.
O premente, naquele momento que havia tantas coisas a fazer, era avisar o pessoal do trabalho que eu não cumpriria minha promessar de retornar rapidamente. Eu sequer sabia a que horas voltaria...
Disquei o número do escritório em meu celular e, antes que a ligação se completasse, choveram pontos de interrogação sobre meus pensamentos.
Desliguei imediatamente!
Eu daria a pior notícia de toda a minha vida ao pessoal do trabalho em primeiro lugar?
E se fosse com meu marido, eu gostaria de saber depois de outras pessoas?
DEFINITIVAMENTE NÃO! Eu tinha que ser a primeira a saber!
Mas como eu contaria a ele em primeiro lugar?
Ele estava trabalhando num workshop de sua empresa, rodeado de pessoas estranhas, outras nem tanto...
Meu Deus! O que fazer?
Com pesar preciso confessar que "jogo de cintura" não é o meu ponto forte.
Descobri que meu forte é encarar a realidade de frente, nua e crua, feia como ela é, sem rodeios.Então, bem assim, sem rodeios, liguei pro Marido:
- Oi, Esposa! (com um lindo e largo sorriso do outro lado do telefone)
- Oi, Marido! Tudo bem?
- Tudo, e você?
- Bom, eu acabo de sair do médico e acho que, como meu companheiro, você tem o direito de saber em primeiro lugar: estou com câncer de mama!
(silêncio...)
- É?
- É, e agora tenho um monte e exames pra fazer. Depois que eu terminar te ligo pra almoçarmos juntos, ok?
- Tá.
- Beijo.
- Beijo.
Saí correndo pra fazer meus exames, implorando por um encaixe no laboratório. Mais do que nunca eu tinha pressa. Encaixes envolvem filas de espera. E nessas filas, sem livro algum em maos, eu tentei retomar meus pensamentos, que insistiam em funcionar numa rotação muito superior a que eu era capaz de processar. Foi aí que concluí que havia cometido meu primeiro erro (digo primeiro porque cometi muitos outros depois): concedi ao meu Marido, meu grande companheiro, o GRANDE PRIVILÉGIO de receber uma notícia bomba, assim, na lata, como se fosse um soco no estômago...
Fiquei pensando: fiz tudo como se fosse dar uma má notícia a mim mesma. Mas era minha obrigação pensar que meu Marido é emotivo, se preocupa até quando estou com uma febre baixa, em poucas palavras, ele é o meu oposto...
Caramba, que privilégio chinfrim! Privilégio mesmo teria sido a notícia de que ganhei uma viagem com acompanhante à Polinésia Francesa!
Entretanto minha loteria foi ao avesso - EU TINHA CÂNCER!
Ao final dos exames fui almoçar com o Marido. Ganhei um abraço muito forte, e me senti em paz! O clima do almoço era esquisito, muito esquisito. Eu não sabia responder a nenhum questionamento. Só sabia que teria que fazer uma cirurgia, quimioterapia e que perderia os cabelos. Eu mesma era um poço de dúvidas. A parte boa foi que, de mãos dadas com meu Marido, não me sentia só.
Após o almoço fui até o escritório do meu plano de saúde saber como as coisas iriam funcionar na prática.
No final da tarde voltei ao escritório pra fechar meus assuntos pendentes, e recolher meus objetos pessoais - eu não voltaria a trabalhar tão cedo como gostaria, e tampouco sabia quão longa seria a ausência...