sexta-feira, 29 de julho de 2011

Meu Primeiro Fusca


A garota da foto do meu perfil foi minha inspiração para o nome deste blog. Ela sou eu há pouco mais de um ano, após minha primeira sessão de quimioterapia. Ou eu era ela (dá no mesmo!) porque hoje já nem sei quem sou.
Quando descobri a doença passei dias escrevendo textos nos quais eu buscava verbalizar meus sentimentos numa tentativa desesperada de impor um pouco de ordem ao meu caos interior.
Porém a escrita refletia apenas minhas confusões emocionais.
Após um ano do término do tratamento quimoterápico a ideia de escrever continuou crescendo. E está se exteriorizando neste blog por algumas razões especiais:
  • desejo escrever, transferir para o universo das palavras os sentimentos, experiências, descobertas, alegrias, desilusões da fase mais difícil de minha vida (até agora!);
  • sinto um efeito terapêutico - é uma forma de reorganizar meu mundo interior pra que eu me reconheça novamente;
  • partilhar sentimentos, experiências e informações sempre foi altamente enriquecedor para mim.

Já nem me lembro quantos anos eu tinha quando tirei minha carteira de motorista.
Eu morria de medo de dirigir! Ficava tensa e tinha até diarreia!
Na prática, eu me esforcei pra tirar a licença só porque meu pai me prometera deixar dirigir seu carro  após minha habilitação. Evidentemente eu não tinha um.
Quem nasceu primeiro? O ovo ou a galinha?
Treinar direção pra tirar a carteira de motorista ou tirar a carteira pra poder dirigir?
Comigo aconteceu a segunda opção. Até hoje não consegui entender como passei no teste.
O que se seguiu foi que guardei minha CNH dentro da carteira e nunca mais dirigi. Apesar de ter um documento em mãos me autorizando a conduzir veículos motorizados eu era consciente de que seria uma ameaça de alto risco no trânsito.
Aos 25 anos comecei a sentir uma comichão de ter um carro, e a vontade foi crescendo e se tornando irresistível até culminar na compra de um fusquinha creme, um ano mais novo que a dona.
Percebi que demorei muito pra enfrentar meu medo da direção porque em meu début numa blitz de trânsito o guarda me mandou renovar a carteira - estava vencida!
Sinto o mesmo com relação a este blog. Demorei. E Deus sabe o quanto desejo chegar ao final de meu período de remissão e ser comunicada: "O câncer também está vencido!"